Não vou aqui discutir sobre se Jefferson Péres era uma referência ética no Senado ou não.Quando falamos de Senado,Câmara dos Deputados e afins, há vários níveis de informação e percepção da realidade, e é difícil termos uma ampla e verdadeira noção do que acontece.
O que se pode dizer é que vários colegas depôem que o tinham como referência nesse assunto.Pode-se dizer também que o discurso acontece num momento em que o Brasil está prestes a reeleger Lula, com todo o vento a favor em prol do presidente; então o discurso do Senador, contra a corrente, parece ser pelo menos legítimo no sentimento de protesto.
Lula também fez sua carreira política pautando seu discurso na ética.Quase um mandato depois, em vias de se reeleger, quem faz esse discurso é outro.
Parece que ética combina muito pouco com o poder.
Talvez se pudesse dizer que a ética não tem que combinar com o poder no sentido de que ela é a disciplinadora do poder.
Nós, brasileiros, que temos amadurecido a partir da ascensão ao poder pelo P.T., podemos definir as épocas políticas pelas filosofias dos ditados populares implícitos.
Criamos, hoje em dia, certa antipatia pelo tal "jeitinho brasileiro". Ganhamos democraticamente do "rouba mas faz", até porque esse "rouba" autorizado chegou à casa do bilhão; mas instituímos agora o "os fins justificam os meios".
É claro que os dois primeiros continuam e o último sempre houve, mas estamos falando
aqui de quando adquirirem status no inconsciente popular.
A nossa ética pessoal regula e compete com o que conhecemos dentro de nós como "realidade é isso mesmo"
É assim também com o poder sobre nossas cabeças. O quanto ele pode transgredir em nome de "lidar com a realidade" como ela se apresenta?
Não podemos menosprezar a competência de se saber lidar com a realidade.
Isso é imprescindível à uma pessoa ou país que se quer vencedor.
Mas a realidade é terrivelmente fria e apavorantemente injusta, por ser competitiva e eliminadora dos mais fracos, e cinicamente volúvel.
E briga constatemente com nossa noção de ética e justiça.
Não se pode abrir mão do desafio que é o possível entre as duas coisas.
Referido discurso de Jefferson Péres:
Morte de Jefferson Péres e o seu discurso sobre Ética.
sexta-feira, 23 de maio de 2008
Postado por Unknown às 09:14
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