O acidente do Airbus e o exibicionismo brasileiro.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Brasileiros, brasileiros… unamo-nos e reconheçamos… Nós somos exibidos!…Eu não teria nenhum problema em imaginar qualquer outro país em mesmíssima situação na procura pelas peças do avião. O Brasil se dispôs e tem feito um enorme esforço na procura por pistas, como fez em acidentes últimos, ocorridos por aqui com mais frequência que em qualquer outra época, infelizmente. E da mesma maneira, agora. Tudo muito natural na ação. O negócio é que o brasileiro é comunicativo ao extremo, a mídia e as comunicações pisam em terreno incrivelmente fértil por aqui. Inventamos palavras, criamos modismos, duvidamos de verdades muito fechadas, o que nos deixa maleáveis e pouco preconceituosos, abertos à dúvida. Mas nem tudo são flores.Gosto, como teoria, da idéia de que onde impera a comunicação livre – palavras, palavras e palavras ( no caso brasileiro, escritas ou não com a aprovação da convenção gramatical ), múltiplas verdades e muitas dúvidas – desprivilegia-se o ideal e a inocência, só recuperados então, com a reflexão ética ….Qualquer brasileiro sabe que ideais inocentes e puros, não encontram o mesmo terreno fértil que as comunicações, as mil verdades, e as dúvidas encontram por aqui. Se é impossível que sejamos puros, se colocamos tudo em dúvida o tempo todo; Um caminho necessário, dificil,mas possível; é a calma equilibrada, reflexiva, e a aceitação constante e humilde da regulação pela ética.
Nesse acidente, nossa afetividade exige falar…falar e falar a respeito. É tipicamente brasileiro. Os familiares sentem menos, em média, a exposição advinda, o que provavelmente soaria estranho aos estrangeiros. Comunicação, por aqui, é algo, também, afetivo.
São já 60 milhões de computadores vendidos e duvido que qualquer crise vá parar esse impulso tão evidentemente brasileiro em tempos virtuais. O imediatismo da internet nos deixa mais impulsivos e ansiosos do que já somos. A educação brasileira precisaria necessariamente passar por esse terreno ao mesmo tempo amistoso e complicado, já que a curiosidade impulsiva ajuda a principio, mas pode atrapalhar.
Levando-se esse fator em conta, temos que somar também a isso o nosso exibicionismo. E não estou falando somente desse episódio que lida com interesses poderosos que nem imaginamos. Estou falando de um exibicionismo já comentado por aqui algumas vezes. Esse sim, com uma certa dose de inocência. Uma inocência que acaba por ficar um tanto fora de lugar.
E aparecerá melhor delineado um recorte da alma brasileira.
E então dá pra explicar um Ministro que, num momento que seria apropriada a dúvida, usa da certeza inocente afirmando como certo o que ainda não é. Com os holofotes ligados, o brasileiro tende a ficar um tanto besta. É preciso reconhecer.
E se conhecer…
Não seria tão ruim lembrarmos que a inocente certeza, que sabemos tão idiota em ignorantes preconceituosos, fica tão bonita em idealistas positivos, puros de alma e verdadeiros e tão boba em exibidos.

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