Por aqui, neste país à beira mar plantado, neste (quase) paraíso sub-tropical (ontem estiveram 30º C e estamos em pleno Outono), neste mercado aberto que se está nas tintas para as pessoas, a Companhia Portuguesa de Electricidade, EDP, afixou os aumentos, no consumidor, para o próximo ano: 7% e disse mais, esses aumentos são devidos à alta dos preços do petróleo e, para reflectirem o preço real, deveriam ser da ordem dos 30%. Ora, além do preço do petróleo estar agora em valores do verão de 2007, e de o comum dos cidadãos ir ter um aumento de ordenado da ordem dos 2,9% (considerado óptimo pois o aumento da inflação está prevista nos 2,5%, considerado óptimo como se vivêssemos num país que pratica salários elevados), eu não os consigo perceber pois a referida companhia teve no ano passado 1 120 000 000 € de lucro, consultado um conversor de moeda dá algo como 3,215,369,365.55 Reais (peço desculpa, mas nem tento ler este número), é algo como 1 600 000 000 USD. Para os padrões brasileiros, isso até pode não ser um valor muito elevado, não faço ideia, mas para Portugal, com os seus 10 000 000 de habitantes, é um valor extremamente elevado, que é obtido às custas do povo e das empresas em regime de monopólio, pois não existe qualquer concorrência. O que me irrita é que não apareça ninguém que dê uma explicação convincente para o aumento da electricidade, e ainda mais me irrita o facto de aqui se recusar liminarmente a discussão do recurso à energia nuclear, eu, não sendo um defensor desse tipo de energia, não sou à partida um opositor por várias razões, sendo que a principal é que os nossos vizinhos espanhóis têm centrais nucleares bem perto da fronteira com Portugal, ora, se por lá existir um acidente, ele será como se fosse em Portugal. Além disso, continua-se a produzir electricidade com recurso a centrais queimadoras de carvão, fuel e gás, produzindo-se assim elevadas concentrações de CO2 para a atmosfera e anuncia-se a construção de mais uma termoeléctrica e de mais barragens. O governo português tem de facto um plano ambicioso de até 2010, 45% da energia produzida ser de fontes de energia renováveis, verde portanto. Mas esses 45% referem-se à energia produzida, não à necessária, assim, eu e mais alguns, numa altura em que tanto se fala em aquecimento global, gostaríamos de ver por aqui debatida a possibilidade do recurso à energia nuclear, mas um debate organizado por gente que saiba do assunto e participado por todos. Por mim, a única coisa que posso dizer é que não recuso esse método de produção à partida, mas pouco sei sobre ele, ou antes, pouco sei sobre certos assuntos com ele relacionados.
Esta é uma história que me faz lembrar os primeiros tempos da reciclagem de lixo em Portugal em que pontificavam as lixeiras a céu aberto que, depois de cheias e a extravasar, eram simplesmente tapadas com terra; quer dizer, toda a gente produz lixo, toda a gente concordava que a situação não podia continuar, toda a gente concordava com a recolha selectiva de lixo, mas ninguém queria centros de reciclagem por perto (à boa maneira portuguesa…a gente faz “merda” mas empurramos para debaixo do tapete do vizinho), só que o vizinho também não queria e ninguém queria, mas todos achavam que deveria mudar… então, como numa boa ditadura (que por vezes, muitas vezes, faz falta) o governo decidiu avançar e houve vários municípios dos maiores e que tinham mais espaço desabitado que aceitaram os centros de reciclagem e se, numa primeira reacção os habitantes desses municípios protestaram contra a instalação desses centros de triagem e reciclagem de lixo, hoje são bem-vindos pois além de serem criadores de emprego, já se mostraram seguros pois nesses locais não existem infiltrações de tóxicos nos lençóis freáticos. Hoje a reciclagem é uma realidade, que apesar de estar ainda em implementação, será para continuar e generalizar.
Cumprimentos a todos e a todas (como dizia um certo locutor televisivo por aqui :-)
Um assunto que me refunde a cuca (posso falar assim?)
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
Postado por República dos Bananas às 23:33
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3 comentários:
República, entendo que queira esgotar todos os argumentos para se convencer.Eu sinceramanente entendo pouco, mas deixo alguns links sobre a nossa experiência.
http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./energia/nuclear/index.html&conteudo=./energia/nuclear/usinas.html
http://www.nuctec.com.br/educacional/enbrasil.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Categoria:Usinas_nucleares_do_Brasil
Vênus:
Eu apenas gostava que o assunto fosse discutido e bem discutido, e gostava que se tomasse uma decisão fundamentada. Quanto aos links fornecidos, o primeiro não funcionou e os outros dois ainda me espicaçaram mais a ânsia de ver esse assunto discutido, pois que três reactores em funcioamento representam para o Brasil 1,2% de toda a energia produzida...o Brasil tem quase 150 000 000 de habitantes; ora na década de 70, na única vez que o assunto foi discutido por cá, falava-se na construção de três centrais nucleares e nós só temos 10 000 000 de habitantes.
Quanto à utilização militar, isso é assunto que nem me preocupa um pouco, pois com a campanha que o governo prtuguês tem para a acabar com a tropa, a menor preocupação que os militares têm, é seguramente ogivas nucleares.
Cumprimentos
é...desculpe...os links não foram muito bons...mas se procurar no google sobre energia nuclear no Brasil, há muitas referencias a esse respeito, e dando uma olhada com um pouquinho mais de tempo, agora, vi discussões melhores, mas nada ainda que acrescentasse muita informação a essas que vc já tem...mas vale uma pesquisa na google...a experiência aqui já tem algum tempo, de repente, isso ajuda ...
Vênus
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