Cântico Negro

quarta-feira, 26 de agosto de 2009



Talvez um dos melhores poemas portugueses mas definitivamente o meu preferido.
Este poema é de José Regio e chama-se Cântico Negro e já que para muitos pode ser um poeta desconhecido mas que vale a pena descobrir deixo aqui duas ligações uma com a biografia e outra com alguns poemas dele.
Biografia
Alguns Poemas

4 comentários:

AR disse...

É sem sombra de dúvida muito bom! Excelente escolha, parabéns, entre vários que já li, nenhum soube descrever tão bem o "grito de uma vida", a necessidade de trilhar o próprio caminho, as suas próprias vivências, enfim viver!

AR disse...

Livro de Horas
(1936)


"Aqui, diante de mim,

Eu, pecador, me confesso

De ser assim como sou.

Me confesso o bom e o mau

Que vão ao leme da nau

Nesta deriva em que vou.



Me confesso

Possesso

Das virtudes teologais,

Que são três,

E dos pecados mortais,

Que são sete,

Quando a terra não repete

Que são mais.



Me confesso

O dono das minhas horas.

O das facadas cegas e raivosas

E o das ternuras lúcidas e mansas.

E de ser de qualquer modo

Andanças

Do mesmo todo.



Me confesso de ser charco

E luar de charco, à mistura.

De ser a corda do arco

Que atira setas acima

E abaixo da minha altura.



Me confesso de ser tudo

Que possa nascer em mim.

De ter raízes no chão

Desta minha condição.

Me confesso de Abel e de Caim.



Me confesso de ser Homem.

De ser um anjo caído

Do tal céu que Deus governa;

De ser um monstro saído

Do buraco mais fundo da caverna.



Me confesso de ser eu.

Eu, tal e qual como vim

Para dizer que sou eu

Aqui, diante de mim!"

Miguel Torga

República dos Bananas disse...

Bom... na verdade conhecia este poema faz muito tempo...faz talvez uns 500 anos, quando andava no ensino secundário...mas só hoje ao rever este video lhe dei a importância que realmente tem! Uma verdadeira declaração de independência e Liberdade.
Gostei de rever. Obrigado.

Aninha disse...

Devo dizer que adorei o seu blog...
O vi através do blog da Mafalda.
Achei super interessante o facto de ter aqui coisas diversas e variadas...
Podemos estar aqui horas e horas...
Ainda mais eu... que vivo entre Brasil e Portugal...
Com os dois sangues nas veias...

=)

Aninha